segunda-feira, 27 de maio de 2013

The unlockable madhouse of joy

Have you ever cried over happiness?
'Tis a strange feeling.
To mourn joy in abstinence,
Shed tears over images of the foreseen
As if they were present,
Though one which just passed by
In the absence of time.
Have you ever been abstinent?
Felt the shell of a cold diziness
Embrace your sight
Like a tight silk jacket
Around the remains of life?
This is how one feels
When death presents itself to gladness;
The poisoning mixture allows space for grief only.
And saileth winds of madness
Inside the swirling mind of the lonely -
For lonesome, and lonesome alone,
Cometh riding for those who know
How to mourn that which is unmournable,
To cry for that which demands laughter
And end up locked from the inside.

sábado, 25 de maio de 2013

Pietá

"Gaspard de la nuit", movimento Nº 2 - "Le Gibet" (de Maurice Ravel)


Espia meu tempo
Pia um chiado do meu som
Expia meu vento.
Tempo, som e vento
São as diretrizes de um corpo
E mesmo que amorfo
Nessas raízes estará.
Escuta meu tempo passar.
Assopra meu som.
Sente meu vento.
Pensa por um instante
Que sua vida
Paira tão fria
Chia
E cria os momentos
Tão insensatos
Que mais vale a pena
Deixá-los ao passo
Sem querer montar.
Aqui não se monta.
Aqui não se cria.
Aqui só há.

domingo, 19 de maio de 2013

Pele

Não tenho cicatrizes na pele.
Se uma coisa posso chamar de cicatriz
É a própria pele,
Que nela residem tantos detalhes,
Tantas fissuras,
Ao ponto de somente pele poder lhes chamar.
Perdoem-me os construtivistas
De um louco remodelar pensado nas dores,
Mas de marcas do tempo bastam aquelas que a própria pele provoca.

sábado, 11 de maio de 2013

Desconstrução das metáforas

Respeitável público,
Se a vós escrevo
Por desejo, destino ou infortúnio,
Cabem esclarecimentos.
Na minha terra só terra há.
Humana é a mente
E minto se falo em alma.
Real é o presente
Ensejado pelo capital.
Fuga não é escapismo -
É delírio inconstante e impreciso,
É revolução,
É dar-se o direito a enxergar o mundo
Mesmo à sua realidade estando preso.
Amor, ora pois, é fuga
E "eu" não é mais que uma conspiração,
Seja poeta, poesia ou imaginação.
De resto é a res publica
E as confabulações
Que desejeis criar.

Delir ando

Hoje a mente que sou
É num delírio
Brilho maravilhoso
De uma fogueira na noite
Das Arábias,
Da Romênia,
Da Índia
Ou da Penha
Nas cores incessantes
Da saia girando a cintura da dançarina
E nas labaredas parejas
Coladas no equívoco de amar
Sem medo de onde o samba
Vai nos levar.
Leve brisa armênia
Sussurra nas mantas
O frio das estrelas.
Leve, brisa amena,
Meu desejo
E faça o delírio
Por mais uma noite brilhar.

Escuchá mi lengua

Candela - Buena Vista Social Club

Mira essa poesia de cuerpo
Que numa só língua não pode calar
Swinging nos quadris da dançarina do ventre,
Que vuela nas mechas da drag
E soa nos seios das mademoiselles do cabaré.
Ay, poesia loca
Que não se enquadra
Nem quer esquadrar!
Ay, poesia libre
Que não se escalpa na violência
Do teu escutar!

Realidade corrompe

Realidade corrompe o mundo.
Ela e suas virtudes.
Virtudes de alguém,
De alguns,
De algo.
Abra os olhos e fuja!
Escape dessa realidade.
Vá para outra
E repita o ciclo.
O real nada mais é que a moeda corrente.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Perfil traçado

Perfilado numa cena profícua
Ao pérfido estar:
Na sala, o ar pútrido
Petrifica para sempre
Parecendo terrível...
Mas não.
É só normal.
Ar parado solidifica;
Pedra escrita rarefaz.
A perda de qualquer coisa
É pura cria da velha do tempo,
Quieta no canto do quarto,
Esperando passar.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ponte entre sonhos de acordado e algum lugar

Estou muito cansado.
Estou num canto.
Canto do enfado
E faço das fadas
Meu sono.
Estou fadado;
Entregue às estrelas,
Aos sonhos;
Desenvergado.
Envergonhado de sono.
Acanhado no rosto corado
De desassossego
Acordado.
Estou quase lá
Aonde quer vá
Inchado a levitar
Sobre a cama da cabeça
Na cabeceira
Do travesseiro
E da travessia
Que podia não acabar;
Mas acaba.
Acaba lá
Aonde quer fadas
Aonde vá.

domingo, 5 de maio de 2013

Maduro

Maduro
Mais duro
Mais perdido no escuro
Menos perduro
E mais furo.

A mente é somente

Há uma infinidade de seres vivos
Tal quais não enxergamos.
Onde chamamos "natureza morta", por exemplo.
"Vida" transpõe o nosso conceito,
Transborda dos feitos humanos
E escorre nos planos que não reconhecemos.
Se ser ou não ser perguntamos
Jamais significa nos outros seres
Serem menos,
Serem profanos.
Ser pode ser pergunta que façamos
Mas jamais encontraremos
Se não presunções do que ensejamos.
Sejamos, pois, como os seres
Fora da nossa espécie
E esqueçamos.
Perguntas demais enlouquecem.
Com certeza em excesso dessomos.
E mesmo que nos cromossomos
Sintamos que o anseio cresce,
Somente paramos
Quando alcançamos o estado de prece
Implorando pelo que somos
Sem consentir que somente.