sábado, 30 de abril de 2016

sexta-feira, 29 de abril de 2016

290416

Fecha a porta e sai
Atravessado
Que a hora é dos xamãs
Chegando gelados
No estalado das paredes
De reboco e tecido muscular.

Vaza!

Passa!

Arre!

Encrave noutra cartilagem;
Hoje estou um sebo
Empoeirado de invontade,
Quero só minha ruindade
E a bruxaria na ruína
Como pra alma o pão.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Monção

Na minha vila há uma igreja
Que vai pelo nome de 'Templo dos Amantes'.
As missas não são obrigatórias
Nem têm horário marcado,
Mas vão sempre anunciadas pelos sinos
Que ecoam da torre ao Vale das Monções;
E, quando eles tocam, a cidade inteira vibra
Nos tinidos graves e agudos
Tremendo suavemente as fundações dos lares,
Fazendo viver mais reverberantes os horários,
Mais dançantes os passares.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

060416

É preocupante que me sinta mais eu
Em estado entorpecido
?
É desesperador que o nada esteja em posse
Da minha serenidade
?
Hoje estou decidido que as portas deveriam ter permanecido seladas,
Mas já que estão escancaradas
Preciso procurar um novo feitiço
Para trancafiar os demônios
E libertar a língua.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

A barata na teia no lago na calça na cara

As poucas luzes sobre o lago
E a barata que imagino
Colada na minha calça
E a teia que sinto
Na minha cara

010416

Festeje o fetiche de sons
Os sapos, os cães, os humanos,
Até encontrar o furúnculo apodrecido
No teu poema.
Ele está frouxo
Ainda
Mas vai aparecer.
O silêncio vai transparecer
No bicho de fato,
Não no fantasma,
Que balança os galhos no mato,
Não no quarto,
Que te (tu) submeter(es).