Vem, então,
E me olha
Na boia
Pendurada na sequoia,
Um pneu
Que, como eu,
Balança
Na esperança
De cair, ou não,
No céu.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Desseleção
João já cansara de tratar os povos por tudos e nadas,
Quer povoassem as terras ou a mente.
E mesmo pensando-se um joão-ninguém,
Não quisera mais retratar-se com os mundos
Olhando-os sob o espectro ofuscante de lupa contra o sol,
Mirando na testa das vidas ou do corpo
E tachando-lhe(s) em coletivo(s).
Não.
O corpóreo e o espiritual
Já deixara cegar demasiado;
Ou cegara-se, deveras.
Ninguém deveria permitir que se esmiuçassem os povos
Na medida de xícaras, ou copos, ou qualquer coisa.
A medição, meditou, ficaria em aberto;
Ficariam povos de farinha espalhada
Que sem receita quedariam em pão - ou não.
Quer povoassem as terras ou a mente.
E mesmo pensando-se um joão-ninguém,
Não quisera mais retratar-se com os mundos
Olhando-os sob o espectro ofuscante de lupa contra o sol,
Mirando na testa das vidas ou do corpo
E tachando-lhe(s) em coletivo(s).
Não.
O corpóreo e o espiritual
Já deixara cegar demasiado;
Ou cegara-se, deveras.
Ninguém deveria permitir que se esmiuçassem os povos
Na medida de xícaras, ou copos, ou qualquer coisa.
A medição, meditou, ficaria em aberto;
Ficariam povos de farinha espalhada
Que sem receita quedariam em pão - ou não.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Tom neutro
Cheguei a acreditar
Que seria preciso deixar de lado o humano
Para compreendê-lo
Em toda sua imensidão.
É engraçado pensar
Que somos tão sofregamente profundos
Ao ponto de só na superficialidade
Cabermos rotundos e leves.
É triste lembrar
Que tudo o quanto sortudos
Ousamos ostentar
Em nossos seios fardados
Feito medalha de honra
Jamais será compreendido
Sem que se extingua a pompa
E a boa ventura
Que lhe atreve prover em sustento,
Feito os fios de tecido
Em que o broche possa se lacrar.
É inócuo de tão sem sentido
O ato de ser
Que nos permite estar.
Que seria preciso deixar de lado o humano
Para compreendê-lo
Em toda sua imensidão.
É engraçado pensar
Que somos tão sofregamente profundos
Ao ponto de só na superficialidade
Cabermos rotundos e leves.
É triste lembrar
Que tudo o quanto sortudos
Ousamos ostentar
Em nossos seios fardados
Feito medalha de honra
Jamais será compreendido
Sem que se extingua a pompa
E a boa ventura
Que lhe atreve prover em sustento,
Feito os fios de tecido
Em que o broche possa se lacrar.
É inócuo de tão sem sentido
O ato de ser
Que nos permite estar.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Embriologia do nascido
Quando vimos nesse mundo,
Fizeram que fosse estranho.
Mal saímos de um colo
Quente e úmido
E a primeira sensação
É uma palmada na bunda.
Fica a lição:
A vida é para apanhar;
Qualquer outro sentimento é intrauterino.
Fizeram que fosse estranho.
Mal saímos de um colo
Quente e úmido
E a primeira sensação
É uma palmada na bunda.
Fica a lição:
A vida é para apanhar;
Qualquer outro sentimento é intrauterino.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Mar(acutaia)
Ai ai, a maracutaia
Que armou nos meus coqueiros
A minha rede, a minha praia,
Se deixou levar pelo sertão
Quando bateu brisa de tarde
No aconchego, sem alarde,
Indo pelo chapadão.
Ai, e agora? Deito a rede feito canga?
Corro o mato, solto a franga?
Ou me banho de mar?
Ai, como me cansa que o Brasil
Seja tão longo para além
Das dunas do litoral.
Queria que essa terra fosse
Toda maracutaia
Que começa e logo acaba
Entre areia molhada
E água rasa de salgar.
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