quinta-feira, 17 de maio de 2018

Poema do Futuro

A tua amargura me acusa de erros que não cometi -
Mas vejo cápsulas mergulhadas no vômito
Que estão recheadas de verdades obscuras;
Então nem tudo é dor e mentira,
Mas superar o nojo para engoli-las
Às vezes parece mais do que eu sou capaz de conseguir.
Por enquanto me contento com a capacidade
De ver as verdades semi-digeridas
E temer o futuro onde eu seja tão doente quanto tu
A espumar inconsistências sobre os outros
Pelo que fermentou no interior -
E temer, pior ainda, que eu já esteja no futuro.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Cerveau à la Recherche de Temps

Não há cura para o "em si" -
Apenas a loucura de que se ature
A química desbalanceada
Torcendo que o tempo sobreaqueça a reação
E frite os circuitos numa nova ligação
Com outras doçuras e amarguras cognitivas
Que me degustarei.

terça-feira, 8 de maio de 2018

Garganta do Diabo

(So Afraid - Janelle Monáe)

Tudo se resume a algo muito primordial,
Tão animal que urge um ventre
Onde casulo
Enquanto o mundo ruge
Seus motores sem direção
Garganteando o Diabo no rochedo bruto
E, ao moer, lançando agulhas de arenito
Que tiroteiam a carne de quem passou
Muito perto do fosso escuro
A mastigar os aflitos
No atrito agudo
De dentes só humanos
Mas demasiado monstros para enxergar.