segunda-feira, 29 de novembro de 2021

O que Eu sei

(Johnny Hooker - Eu não sou seu lixo)

Em meio a tudo que não sei,
Todas as coisas que ignorei,
Tudo aquilo em que eu errei,
Tudo o que depois eu lamentei,
As mil maneiras pelas quais eu fracassei...
Depois de tudo o que eu passei,
Os caminhos que tomei,
As pedras em que tropecei,
As falhas que esbanjei,
Os pecados que pequei,
Os demônios que mostrei,
As palavras torpes que usei,
As loucuras que expressei...
Apesar de todas as vezes que falhei,
De todas as dores que causei,
Das mentiras que contei,
Dos enganos que criei,
Do ódio que gestei...
A única certeza que eu tenho
É que ninguém jamais amou
Como eu amei,
Nem jamais dará
O que eu dei.
E mesmo se com todo o amor
Eu me machuquei,
A culpa não foi minha
Porque eu me doei.
A culpa é de quem escolheu
Não querer o amor meu
E nem sequer se apercebeu
Do que perdeu.

domingo, 21 de novembro de 2021

The dark night of the mind

Still the night goes by
As time seems both to fly
And wait eternally
Beneath the darkened sky.
Still the bard won’t try
To pluck a soft caressing tune
In this poor silent heart of mine.
The birds won’t chirp,
The poet won’t rhyme,
Nor will the rivers from the moon
Flow with their waters in attune
With my most intimate desire.
Must I – dare I ask –
Remain this way, so never thine,
Lost in a conscious lonely glare
Held yet unshared, forever mine?
In nights like this,
So cold and gloom,
I reminisce of gone-by days
And think of all the better ways
I could have basked in their embrace.
Yet, truth be told,
In days long gone
I also felt without a place,
As if still happiness and grace
Were somewhere else I had to chase.
And though I loved your tender eyes,
And warmed my skin between your thighs,
Still then I felt as if unloved
Beneath the mask of your disguise.
For now I know this night of mine
Hides not the heavens’ sweet design:
‘Tis a darkness that encloses
My own mind – as if thorns could smother roses
And then weep for their demise.
And though today I crave for love
Hoping it comes from high above,
These nights I ask before the gods
That they may bless me
With an even greater fate:
To be unveiled
And, unashamed, released at last
From my own thorns
And this deep everlasting wait.

domingo, 14 de novembro de 2021

Tango Solo

A veces siento que fui yo
Quien salió entero
– O al menos no tan enfermo –
De ti.
Pero hay otros momentos
– Y tantos y tan largos son –
En los que me veo
Aún esposado
A un dolor viejo
Que no se me quita del pecho.
A veces siento
Las paredes cerrándome alrededor
En mi pequeño corazón
Y descubro que no puedo
Salir de soslayo
De mi cárcel de amor y solitud;
A veces me parece que no hay espacio nel mundo
Y, sin embargo, todavía su anchura
Es demasiado amplia,
Y así que no quepo,
Pero también no me puedo apoyar.
A veces pienso
Que solo quisiera volver…
Pero ¿a qué?
¿Qué habrá para mí
En la temprana hora
Del lejano pasado?
¿Qué más que desdicha,
Nostalgia e incertidumbre?
Hay que quitárseme esta contradicción
Que siempre me regresa a la calle
De las vidas perdidas,
Que me encarcela entre deseo y desesperación
Sin dejarme mirar el futuro
Que, así como el pasado,
Se hace demasiado lejano,
Extraviado en lenguajes prohibidos y extraños
Y en cosas que nunca he visto,
Oído o probado.
Mi lengua añora por gustos distintos,
El sabor de otras pieles
Tan más raras y nuevas
Que me puedan hacer olvidar
Y tener nueva vida;
Añora por tener nuevos sudores
Corriendo en mis entrañas,
Que me hagan un nuevo extrañar
– Un que sea tan vivo y ahora
Que me deshaga
Y, conmigo, mis corrientes
Y yo pueda en fin respirar.

sábado, 6 de novembro de 2021

Perder-se

Já disseram muitas vezes
Que é preciso primeiro se perder
Para depois se encontrar.
Mas pouco ouvi dizer
Da beleza e da necessidade
Que também há no movimento
De primeiro se encontrar
Para depois poder se perder.
Pouco dizem que há muitas formas de perder-se
E que algumas não são de perdição.
Perder-se é soltar os arreios,
É deixar a estática do encontro;
Por isso, ao desencontrado
Pode trazer desespero,
Mas àquele que está encontrado
É leve como expirar.
E, como na respiração,
Perder-se é preciso
Para não sufocar:
Não basta agarrar-se a si mesmo
Se o ar se gasta e arrefece
E o tempo passa
E a vida acontece
E ainda há perdido no mundo
Tanto ar para se tragar.
É preciso saber perder-se
Para de novo poder inspirar.
São poucos, é verdade,
Que cantam o desencontro,
E é compreensível o porquê.
Encontrar-se traz vida e conforto,
Traz coragem para o confronto
E força para lutar.
Já o desencontro recorda
Que se é finito,
Pequeno, fraco e frágil
E nada se sabe do mundo -
Perder-se parece um desalento.
Mas, ah... O que seria do sopro
Sem o vento?
O que seria do corpo
Sem o relento?
O que seria do Eu
Se não se desfizesse
E escorresse nos rios,
Descesse os vales,
Escoasse nos mares,
Subisse aos céus
E novo chovesse?
Perder-se é um segredo
Que só se revela difuso
Nas cordas do tempo,
Que só se descobre vivendo,
Encontrando-se e sufocando
Até que se esteja disposto
A desaprender.