sexta-feira, 18 de maio de 2012

Oximoral

Depravações e divagações podem estar no âmago de tudo.
Daí o insaciável desejo de Alma em converter-se Elisabet.
Quando do escancaro começa a faltar espaço,
Transforma-se o anseio de extravasar em um oximoro,
No qual a expressão só se pode alcançar com seu desaparecimento;
O instante em que tudo e nada subitamente se completam,
Revelam-se iguais.
Afinal, o que são estes além de divagações depravadas
Mergulhadas em formulações intangíveis?
É preferível que estejam num mesmo corpo.
Aí reside, se existe, alguma paz.
Um rosto inexpressivo que exala o mais profundo silêncio
E no entanto tagarela inelutavelmente sobre qualquer assunto.
Deus. Política. Cotidiano.
Tudo banhado numa pastosa indiferença
Que resume seus polos de maneira quase real.
Até porque para tal é preciso ao menos uma dose de utopia -
Se fosse material dissolveria tão rapidamente quanto a inocência
De idealizar de qualquer outra forma.
O conceito precisa ser tão paradoxal quanto sua proposta
E tão desleal quanto a mente que o incorpora.

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