A mosca rasgou a noite
Em duas tiras estridentes
Assoviando de Ceci
No ouvido direito.
O esquerdo, pousado no travesseiro,
Sonhava ainda o silêncio
Das onze da noite,
Meia-noite,
Meio-dia,
Ou qualquer outro horário quente
Do verão.
Mas a direita, acordada, remissa,
Contava os minutos
Para a hora do lobo
Ouvindo o batente gelado
Que vinha do vento
Pela fresta.
Um olho era cego de fronha,
Embrenhado nas penas de ganso;
O outro era cego de escuro,
Mergulhado na noite espessa.
Sonhar acordado de Cecília
No inseto que me passou
Pousou na consciência nociva
O conhecimento
De passado, presente e futuro,
Do bem e do mal
E do que de nós dois eu sou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário