Pega a linha quatro e desce
Em direção a quê?
A linha não amortece
Nem pretende arrefecer;
É morte que não aparece
Só acontece
Escondida no viver.
Pega a linha sete
Que essa sim te dá prazer
Te arranca fora as tripas
Te fazendo enlouquecer.
E, quem sabe, fazendo a prece
Vai que a fortuna não te esquece
E afortunado,
Roto e rasgado
Você ainda vai se fazer.
Pega a linha dezessete
Que liga na ponte do desfazer.
A ponte liga com nada,
Mas me esclarece:
A essa altura
Quem é que algo
Vai se querer?
sexta-feira, 25 de junho de 2021
Linha quatro
sábado, 12 de junho de 2021
Frêmito
Eu estranho o poder
Com que eu me estranho.
De repente digo:
"Eu fui feliz.
Eu sei que fui.
Mas quando?
Como?
Onde?"
E então me plumo
E subitamente subo
Desaparecendo aquele mar profundo
Onde rocha
Absorto
Me infundia.
Subitamente me confundo
Ou
Me aprumo
Talvez...
Subitamente sumo
Ou me encontro
Ou talvez o sentimento
Seja essa linha
Que vibra
Sob a pluma
E
Se não vibrasse
Nem linha seria,
Tão fina a bruma
Tão densa e cúrcuma
Empoeirando meus sensos
Com seu olor
Agúdo
Doce
Cálido
Calmante
Contradito
Silenciosamente agoniante
E então infante,
Trêmulo como a pena
Que carrega o mundo
Bambeante sob o peso
E ainda assim firme
Talvez até constante
De inconstância itinerante,
Um frêmito no paço
De colunas inquietantes
Que é meu peito
Minha mente
Meus átrios
Que 'inda agora oscilam.
Oscilando...
Oscilando...
Indo e vindo...
Cá dum...
Cá dum...
Cá dum...
E, logo abaixo disso,
Nada.
Assinar:
Postagens (Atom)