sábado, 12 de junho de 2021

Frêmito

Eu estranho o poder
Com que eu me estranho.
De repente digo:
"Eu fui feliz.
Eu sei que fui.
Mas quando?
Como?
Onde?"
E então me plumo
E subitamente subo
Desaparecendo aquele mar profundo
Onde rocha
Absorto
Me infundia.
Subitamente me confundo
Ou
Me aprumo
Talvez...
Subitamente sumo
Ou me encontro
Ou talvez o sentimento
Seja essa linha
Que vibra
Sob a pluma
E
Se não vibrasse
Nem linha seria,
Tão fina a bruma
Tão densa e cúrcuma
Empoeirando meus sensos
Com seu olor
Agúdo
Doce
Cálido
Calmante
Contradito
Silenciosamente agoniante
E então infante,
Trêmulo como a pena
Que carrega o mundo
Bambeante sob o peso
E ainda assim firme
Talvez até constante
De inconstância itinerante,
Um frêmito no paço
De colunas inquietantes
Que é meu peito
Minha mente
Meus átrios
Que 'inda agora oscilam.
Oscilando...
Oscilando...
Indo e vindo...
Cá dum...
Cá dum...
Cá dum...
E, logo abaixo disso,
Nada.

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