segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Flor de Vidro

Conta-me dos teus espinhos, pequena flor de vidro,
Que sobem à epiderme
Quando a noite é fria
E o amor não aquece.
Conta-me porque com as palavras
Exaladas no teu suspiro
A dor esmorece
E no processo eu fico a ver
Teu mais profundo ser
A emanar poesia como água quente
Que vaza dos poros
E cobre teu corpo de vida,
Da tua beleza única
Que escapa de cada canto
Do teu florear.
E enquanto eu admiro teus olhos,
Tua boca,
Teus braços,
Toda tua folhagem a se revigorar,
Lembro de quando era eu
Que com meus espinhos de vidro
Andava trincando
E tu me vieste salvar.
E neste momento a lua
Aparece, enfim, à janela
E todo o teu ser brilha
Como um espelho estrelado
Lavado de chuva e poesia.
E eu fico a me ver refletido
Em teu ser trincado e selado,
Florido e espelhado,
Poetizado de beleza da cabeça aos pés
E lembro quão raro,
Quão incompreensível e inestimável é
Que nos tenhamos encontrado.

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