Parece que há uma tendência na busca por agradar as massas e os seus interesses diretamente retratados pela mídia. E isso não é nem só com políticos, como por exemplo Dilma que faz cortes em projetos e pessoas de seus ministérios assim que aparece uma linha de crítica nos jornais, como nos casos do kit anti-homofobia, da Casa Civil e do Dnit - podemos citar o exemplo de Mano Menezes, na seleção brasileira, cuja proposta é claramente baseada nas reivindicações midiáticas quanto a uma necessidade de renovação.
Mas atenhamo-nos aos políticos, cujos atos têm consequências de impacto mais profundo em nosso cotidiano. Já estão pipocando casos de ex-funcionários do governo federal, em especial nos recentes acontecimentos envolvendo os Transportes, que reclamam da falta de tato da presidenta para lidar com situações como esta, afirmando inclusive que os cortes estão sendo feitos sem investigação mais aprofundada. Um exemplo é o agora ex-ministro da referida pasta, Alfredo Nascimento (PR-AM).
Ora, claro que as denúncias de superfaturamento apresentadas pela mídia são preocupantes e algo deve ser feito para lidar com a situação, mas quando temos um governo de medidas imediatistas e definitivas como tem se mostrado a gestão de Dilma, somos forçados a pensar no que podemos estar perdendo neste processo. Há um termo em ciência política que reflete bem este princípio: é o chamado "real interesse"; referimo-nos ao "real interesse" quando queremos dizer que há um princípio (ou fato) subjacente à matéria de um determinado debate que deve ser protegido por caracterizar um "bem maior" que pode passar despercebido pelos olhos do cidadão comum - é, portanto, responsabilidade do representante protegê-lo.
O exemplo mais latente disso na gestão Dilma é o caso do kit anti-homofobia: o desespero para evitar o desgaste político da defesa do projeto e o interesse de manter a bancada religiosa próxima às aspirações governistas frente à aprovação da nova legislação ambiental levaram o governo federal a ser decisivo: cancelou a distribuição do kit. É importante salientar que o kit anti-homofobia não era o que a bancada evangélica "informou", mas antes um esforço real de especialistas nas áreas de saúde e educação que estavam interessados em combater o preconceito em um estágio fundamental de afloramento da sexualidade: a puberdade. Os frutos que poderíamos obter disso, entretanto, nem tiveram chance de dar as caras. Qual o malefício? As longas pesquisas e projeções nas quais o projeto se baseava foram descartadas; o problema do preconceito nas escolas continua sem ser combatido.
Não estou querendo discutir se o kit anti-homofobia interferia na educação dos pais ou não, se fazia apologia a orientação sexual ou não (o que honestamente não faz nenhum sentido) - o fundamental é que era uma forma de combate ao preconceito que foi podada e seus eventuais benefícios foram perdidos, pelo menos até que um novo projeto tome rumo. Isto é uma perda, inevitavelmente. A questão é: será que realmente queremos um governo que corta fora galhos com uma suposta gangrena antes mesmo de podermos vislumbrar seus frutos? Não acho que seja errado ser pragmático - pelo contrário, admiro isso na nossa presidenta -, mas por outro lado talvez excesso de pragmatismo também não seja o antídoto ideal.
Mas atenhamo-nos aos políticos, cujos atos têm consequências de impacto mais profundo em nosso cotidiano. Já estão pipocando casos de ex-funcionários do governo federal, em especial nos recentes acontecimentos envolvendo os Transportes, que reclamam da falta de tato da presidenta para lidar com situações como esta, afirmando inclusive que os cortes estão sendo feitos sem investigação mais aprofundada. Um exemplo é o agora ex-ministro da referida pasta, Alfredo Nascimento (PR-AM).
Ora, claro que as denúncias de superfaturamento apresentadas pela mídia são preocupantes e algo deve ser feito para lidar com a situação, mas quando temos um governo de medidas imediatistas e definitivas como tem se mostrado a gestão de Dilma, somos forçados a pensar no que podemos estar perdendo neste processo. Há um termo em ciência política que reflete bem este princípio: é o chamado "real interesse"; referimo-nos ao "real interesse" quando queremos dizer que há um princípio (ou fato) subjacente à matéria de um determinado debate que deve ser protegido por caracterizar um "bem maior" que pode passar despercebido pelos olhos do cidadão comum - é, portanto, responsabilidade do representante protegê-lo.
O exemplo mais latente disso na gestão Dilma é o caso do kit anti-homofobia: o desespero para evitar o desgaste político da defesa do projeto e o interesse de manter a bancada religiosa próxima às aspirações governistas frente à aprovação da nova legislação ambiental levaram o governo federal a ser decisivo: cancelou a distribuição do kit. É importante salientar que o kit anti-homofobia não era o que a bancada evangélica "informou", mas antes um esforço real de especialistas nas áreas de saúde e educação que estavam interessados em combater o preconceito em um estágio fundamental de afloramento da sexualidade: a puberdade. Os frutos que poderíamos obter disso, entretanto, nem tiveram chance de dar as caras. Qual o malefício? As longas pesquisas e projeções nas quais o projeto se baseava foram descartadas; o problema do preconceito nas escolas continua sem ser combatido.
Não estou querendo discutir se o kit anti-homofobia interferia na educação dos pais ou não, se fazia apologia a orientação sexual ou não (o que honestamente não faz nenhum sentido) - o fundamental é que era uma forma de combate ao preconceito que foi podada e seus eventuais benefícios foram perdidos, pelo menos até que um novo projeto tome rumo. Isto é uma perda, inevitavelmente. A questão é: será que realmente queremos um governo que corta fora galhos com uma suposta gangrena antes mesmo de podermos vislumbrar seus frutos? Não acho que seja errado ser pragmático - pelo contrário, admiro isso na nossa presidenta -, mas por outro lado talvez excesso de pragmatismo também não seja o antídoto ideal.