Pena que já foi o rapazinho atravessar o oceano.
Peno para lembrá-lo nas docas,
Mas as poucas tocas em que se escondem
As memórias fotográficas
Já não saltam tão recentes;
As imagens são tão penas
Que na brisa e maresia
Fáceis saem a levitar oblíquas.
Tenho às vezes que elas vão
Buscá-lo na terra nova
Sobre as águas de Pasárgada,
Com seus elefantes de ouro
E as colinas de Montoya
Onde, reza a lenda, mora a tribo azul,
Caçadora de lembranças.
Tenho que, se de lá sobreviverem,
As valquírias de papel o encontrarão
E trarão de volta para uma conversa.
Mas tem dias em que acordo e recordo
O sacrifício feito com meu corpo
Na viagem que passei.
Meu rapaz, pobre rapaz,
Não virá me procurar aqui zarpado e acorrentado
Nas ondas escuras das montanhas
Encrostadas em paquidermes
Pintados num presente emoldurado de mar,
Tão leviano quanto o flutuar de pena.
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