Um lençol de varal conta de dias ensolarados,
De céu limpo e estiado,
Menos em São Paulo.
Aqui um lençol esticado
Conta de alguém que gozou,
Ou alguém relaxado.
Aqui o lençol é avarandado
E corre pelado no ar abafado.
Faz as vezes de persiana
Transparente e esparsa
Que narra ao mundo uma história errada,
Esburacada e indiscreta espiada.
Aqui lavar os lençóis deixa-os mais sujos,
Expostos em fina camada à jangada do vento
Que sobre eles navega
Deixando marcas de fuligem
E olhares dispersos,
Acidentais ou alojados.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Das poucas imagens; imaginário; impressionismos
Quanto broto broxou
Quanta pétala caiou
Quanto botão feitou
Quanta tinta precisou
Quanto óleo escorregou
Quanta tela desiludiu
Quanto céu desamarrou
Quanta nuvem acudiu
Quanto sol desatinou
Quanta coisa que não viu
Quanto espaço que deixou
Quanta vida que febril
Embaraçou.
Quanta pétala caiou
Quanto botão feitou
Quanta tinta precisou
Quanto óleo escorregou
Quanta tela desiludiu
Quanto céu desamarrou
Quanta nuvem acudiu
Quanto sol desatinou
Quanta coisa que não viu
Quanto espaço que deixou
Quanta vida que febril
Embaraçou.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
À flor dos meus dias
Certa noite um alazão
Vai passar frente à tua choupana.
Acinzentado e manchado
Trotará sob as estrelas
Brilhando fosco
Como os ancoradouros do porto de Santos.
Ele dir-te-á da cavalgada
Que há tempos esperavas
Com anseio receoso,
Temeroso fantasiar.
Monta a sela que prepararam
Teus iguais, teus soberanos,
E assenta rumo ao futuro,
Que o tempo não pode esperar.
Passarás cavalgador pelo sertão
Caçando uma sobrevida que jaz
No horizonte, onde céu encontra chão,
E antes que percebas a mudança
Nos ares passeando sobre ti,
Ficarás malhado e cinzento
Como tua montaria
Na montagem que temias
E inevitável chegaria.
O destino, teu e todos,
É minguar-se na fuligem
E juntar-se ao mundo
Alado entre o poeirento
E, quiçá, a prataria.
Vai passar frente à tua choupana.
Acinzentado e manchado
Trotará sob as estrelas
Brilhando fosco
Como os ancoradouros do porto de Santos.
Ele dir-te-á da cavalgada
Que há tempos esperavas
Com anseio receoso,
Temeroso fantasiar.
Monta a sela que prepararam
Teus iguais, teus soberanos,
E assenta rumo ao futuro,
Que o tempo não pode esperar.
Passarás cavalgador pelo sertão
Caçando uma sobrevida que jaz
No horizonte, onde céu encontra chão,
E antes que percebas a mudança
Nos ares passeando sobre ti,
Ficarás malhado e cinzento
Como tua montaria
Na montagem que temias
E inevitável chegaria.
O destino, teu e todos,
É minguar-se na fuligem
E juntar-se ao mundo
Alado entre o poeirento
E, quiçá, a prataria.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
A quem?
Escrevo a quem?
Escrevo aquém
Escrevo além
Escrevo a portas fechadas
Escrevo às portas fechadas
Escrevo a todos
Escrevo a ninguém
À poesia
Ao todo-dia
Ao bem-me-quer
E ao desdém
Escrevo aos mares
E aos lençóis
Às enxurradas
E aos girassóis
Escrivinho
Escribaneio
A mim
Não, a você
A nós, os bandidos
E para a quermesse
Escrevo a tanta e tão pouca coisa
Como se em versos o antagonismo
Coubesse.
Escrevo aquém
Escrevo além
Escrevo a portas fechadas
Escrevo às portas fechadas
Escrevo a todos
Escrevo a ninguém
À poesia
Ao todo-dia
Ao bem-me-quer
E ao desdém
Escrevo aos mares
E aos lençóis
Às enxurradas
E aos girassóis
Escrivinho
Escribaneio
A mim
Não, a você
A nós, os bandidos
E para a quermesse
Escrevo a tanta e tão pouca coisa
Como se em versos o antagonismo
Coubesse.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Passo descompasso
Epa, quem vai lá
Passar na ode,
Na poesia,
No orixá;
Quem vai se adivinhar,
Engruvinhar,
Desembestar;
Que arranjou de serenar
De serenata e samba-enredo;
Que se meteu em degredo
E liberdade e inxalá?
Deus lhe pague
A sua viagem descompassada,
Que dessa dor meio enganada
Sem saber que perguntar
A resposta sai apagada
De amar, viver, passar.
Passar na ode,
Na poesia,
No orixá;
Quem vai se adivinhar,
Engruvinhar,
Desembestar;
Que arranjou de serenar
De serenata e samba-enredo;
Que se meteu em degredo
E liberdade e inxalá?
Deus lhe pague
A sua viagem descompassada,
Que dessa dor meio enganada
Sem saber que perguntar
A resposta sai apagada
De amar, viver, passar.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Bárbaros e brâmanes
"Bárbaros de bambu",
Balelam os brâmanes
Beijando belos bagos,
Belas vistas, belvederes.
Brados baroneses,
Barítonos, barrocos,
Baleiam bélicos, pélvicos, cegos,
Num brilho bogus
Que não conseguem regurgitar.
Balelam os brâmanes
Beijando belos bagos,
Belas vistas, belvederes.
Brados baroneses,
Barítonos, barrocos,
Baleiam bélicos, pélvicos, cegos,
Num brilho bogus
Que não conseguem regurgitar.
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