Um lençol de varal conta de dias ensolarados,
De céu limpo e estiado,
Menos em São Paulo.
Aqui um lençol esticado
Conta de alguém que gozou,
Ou alguém relaxado.
Aqui o lençol é avarandado
E corre pelado no ar abafado.
Faz as vezes de persiana
Transparente e esparsa
Que narra ao mundo uma história errada,
Esburacada e indiscreta espiada.
Aqui lavar os lençóis deixa-os mais sujos,
Expostos em fina camada à jangada do vento
Que sobre eles navega
Deixando marcas de fuligem
E olhares dispersos,
Acidentais ou alojados.
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