Certa noite um alazão
Vai passar frente à tua choupana.
Acinzentado e manchado
Trotará sob as estrelas
Brilhando fosco
Como os ancoradouros do porto de Santos.
Ele dir-te-á da cavalgada
Que há tempos esperavas
Com anseio receoso,
Temeroso fantasiar.
Monta a sela que prepararam
Teus iguais, teus soberanos,
E assenta rumo ao futuro,
Que o tempo não pode esperar.
Passarás cavalgador pelo sertão
Caçando uma sobrevida que jaz
No horizonte, onde céu encontra chão,
E antes que percebas a mudança
Nos ares passeando sobre ti,
Ficarás malhado e cinzento
Como tua montaria
Na montagem que temias
E inevitável chegaria.
O destino, teu e todos,
É minguar-se na fuligem
E juntar-se ao mundo
Alado entre o poeirento
E, quiçá, a prataria.
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