quinta-feira, 15 de maio de 2014

Visão de transcorpo

Poupai-nos
Corpo celeste
De ser corpo.
Cai nessa Terra
E pedregulho no lago estilhaça
Até não ser mais raça
Este afago.
Apaga, senhor, esta chama -
Chama-me pelo nome inconcreto
De criatura mística
De rito
De covardia que dissolva
No instante mais bravo
Do que tu me climou.

Tu, porém, és abjeto;
Impalpável;
Intangível às palavras.
Tu não és um "tu".
És, sabe lá...
Eu, nós, nada,
Voz, atroz, elos;
Rabo de velhos que sobre nós rastejou.

Gotejou uma pincelada de ti
E fadaste
Com asas de mariposa
E olhos meus.
Deus meu! Que imagem é essa?
Deus que objetou meu credo,
Creda comigo agora
Em admiração do que não entendes
E... Deus meu!
Monstro!
Perfeito!
Inerte!
Vida!
Sabe lá que palavra termina um poema sobre tudo!

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