terça-feira, 14 de outubro de 2014

Homem de lixo

Passei uma semana na escuridão.
Quando voltei, esperava-me uma pena
A ser cumprida
Sobre o lixão que me propus aqui.
Passou ao largo da minha cabeça
Feito bisturi
E arranhou como agulha no disco -
Aquele silêncio de quem vem a dizer.
Porém... Nada.
Se eu carcomi as bagaças
Do caqui que me deu a natureza por mente
Espreitando urubu nas minhas cordas,
Tocando até a harpa rasgar no intestino
E vazar as tripas sobre meus próprios empecilhos...
Se, se, se...
Se a língua cuspi,
Galgo a guerra
Engulo terra e repito o ciclo
Que tanto já vi:
Broto carne nova e ressuscito
Homem de lixo
Homem de menos caqui.

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