segunda-feira, 4 de julho de 2016

Caso o acaso

Cada passo de cansaço que calço
Na calçada escura dessa vida anoitecida
Faz um estardalhaço de mim
Sem que além dos pés exploda
Qualquer latejo fraco.
Qualquer frasco de fino vidro
Já teria ruído,
Mas disso não me faço -
Não me é fácil.
Eu desconto as horas e espero -
Não a morte, não o fato,
Mas o instante de divinização;
Creio em mim além do espaço,
Aquém de um abraço,
Agarrado à vida pelo baço
Sem sair nem perder
Só vencer a finura lisa do fraquejo que habito -
Força do hábito,
Humano não se sabe frágil -,
Quem sabe dar um tropeço em falso
E a partir daí misterioso encalço.

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