terça-feira, 26 de julho de 2016

Lua II

(Night Ride Across the Caucasus - Loreena McKennitt)

Doce melancolia do pálido luar;
Tristeza sublime
Esboçada num sorriso amarelo
Com lábios róseos das nuvens noturnas;
Lua bruta recoberta em plumas,
Gema dura na casca macia -
Tua fria distância me conta
De antigos verões,
Teus versos remontam a outras versões
Do teu esboço;
Teu olhar re-reflete em meus olhos,
Os sóis primitivos da minha flora
Donde as flores tatuadas na fronte
Há muito congelaram;
Tua luz não me comove,
Mas talvez mova a tinta preta da face
Para desabrochar nos petrificados botões
Novos bordados
Rastejando em meio a pele e osso,
Hoje e ontem,
Partindo a cartilagem que engessa
O músculo vermelho debaixo da testa
Entre duas pupilas, dois ouvidos
E uma fina plumagem capilar.
Quem sabe assim esse meu pentagrama
Cante a ti um novo feitiço
Semi-acordado na noite,
Um passo em falso entre quase-vida
E morte.

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