segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A Calma Dor

Quantos amores será que ainda tenho dentro de mim?
Sei que já gastei alguns, talvez cinco ou seis,
Mas não faço ideia de quantos mais virão
Ou, quiçá, quais voltarão outra vez.
Eu pergunto também porque sinto que os meus amores
Vinham de um lugar de escassez
E eu me derramava no chão
Sofrendo perdido numa insensatez de quem não conhece
A tez da própria pele.
A minha entrega era absoluta,
De um romantismo doente que se ausenta de si
Para buscar no outro sua lucidez -
Mas acho que não sou mais assim.
Quer esse amor seja mesmo bonito
Ou só o esforço perdido de me procurar
Num lugar onde no fim não resido
Eu honestamente não sei.
E agora que ele está estendido
Com as mãos invertidas
Declamando seu sentido meio narcisista
Aconchegado em mim,
Será que consigo de novo me desequilibrar
- Um pouco que seja, de um jeito bonito -
Sem dilacerar minha calma no atrito?
Eu quero amar um amor tão aflito
Quanto era belo sofrer -
Mas quero que o grito doa
Imerso na suavidade onde novo eu me encontrei.

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