quarta-feira, 28 de março de 2018

Éon

A cada era
Que a minuta ata
Aterra mais um terabyte
Da inocência que minha pele
Só consegue escapar divagada
Nas esferas subterrâneas
Das órbitas cibernéticas
E seus vazios de profundeza infernal.

E cada fera
Que desuso engaiolada
Nas palavras-cemitério
Não consegue enclausurar
O jorro imundo me escapando
No suor de bailarino
Que a cada rotação se decepciona
Com a imperfeição do movimento
E espalha riscos de molhado
Fétido e melado sobre o chão.

E a terra gira
E jorra infinda
Até que apague sua entranha
E sobre estranho o seu casco
Por um tempo no infinito
E então sobre só tempo
E então nem isso.

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