Talvez na verdade eu não queira
Servir de apoio a quem não me apoiou.
Apoiar, apoiou -
Mas não no que importa
Quando importou.
Talvez o estrago já esteja feito
E agora só nos reste existir
Nessa vida miserável de aceitação,
Dessas migalhas de atenção.
Eu sei que nada disso precisa ser verdade -
Saber, sei -
Mas querer é outra história.
Eu não nasci pra Cristo
E o infinito perdão,
Nem espero o mesmo martírio
E abnegação.
Espero, apenas;
Espero que o tempo passe
E eu alcance um novo estado de graça
Onde o perdão seja mais fácil -
Mesmo sabendo que na vida nada funciona assim -
Mesmo sabendo que no estado de graça só se chega com perdão.
Talvez me falte aceitar
Que não passa de ilusão morta
O estado de garça - de beleza sem emoção -
Paralisada num mundo a-histórico.
Talvez ainda falte em mim o mecanismo que permite bloquear o ódio
E filtrar dele a fundação
Para abraçá-la
E desmontá-la
Com perdão.
Que os deuses me perdoem pela dificuldade
Em dar tão pequeno passo de aceitação!
Que os deuses me perdoem,
E perdoado eu encontre forças.
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