Que eu me rasgue ao meio
E caiam fora as tripas;
Que minha pele se incinere
E meus ossos quebrem;
Que meu ventre se contorça
E a coluna se distorça;
Que eu engula a língua,
Arranque os olhos
E entupa os ouvidos com ferro quente;
Que meus pulmões implodam
E o coração estoure,
Que o fígado se corroa
E os rins se ressequem,
Mas quem sou, isso não dou.
Não dou a nenhum fariseu
Ou sacerdote do ódio
O pedaço gritante de mim
Que sustenta minha resiliência.
Tripudiem minha mente o quanto for -
Dentro dela ainda residirei,
Mesmo se fraco e disforme.
Eu não vos pertenço
Nem nunca pertencerei.
Pertenço somente a mim
E aos que escolhi pertencer.
Pertenço às bruxas, putas, viados
E rondas noturnas de rebelião.
Pertenço aos teus medos
E aos espaços sombrios da tua mente
Que não consegues desbravar -
Cá estou eu,
Sem medo do escuro.
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