Pensei que te amei,
Mas...
Não sei.
Se não tivesse pensado,
Quem sabe houvesse desembestado
Nos trilhos que me carregariam
Direto ao lugar encantado
Da euforia.
Contudo, quiçá esse estado
Inconsciente que se presume elevado
Também não seja amor.
Talvez o simples fato de não ter certeza
Já devesse impor sua clareza
De "não, isto não é amar".
Mas daí recordo que quando me cri amante,
Também lá meu passado era errante -
Sem convicções ou confianças.
Pois que amar - talvez - tenha em si tatuado
O medo da entrega.
Ou assim se me alega.
E se amor for tão somente um filtro,
Um olhar
Que se carrega sobre o mundo
Quando se sente por ele tocado,
Então eu te amei
Mais do que nunca tivera amado.
No entanto o filtro se me há infiltrado
De tal maneira que vejo com frequência
As coisas por esse seu lado;
E amor, nesse caso, não seria um algo compartilhado.
Não sei!
Não sei mais o que é amar
No sentido analítico
Nem no versado.
Talvez o amor não exista -
Mas isso seria a declaração de morte do poeta;
E então qual seria o meu significado?
Diz-se que nalgum lugar distante nos montes
Existe um templo ao amor,
Inacessível e insólito entre as tempestades de neve.
Chegando lá, provavelmente não se encontram respostas
Nos seus pergaminhos empoeirados e apagados
Ou colunas silenciosas como o próprio tempo.
Mas se o templo existe,
Este simples fato comprova o amor.
Não?
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