Havia em mim
Um espinho
Que encravou fundo no seio
Entre o átrio esquerdo
E o pulmão.
Ele rasgou tanta carne
Que pensei-me por um tempo
Condenado à morte prematura
Por invasão de corpo estranho.
Mas meu coração
Bateu com força,
Fez jorrar o sangue vinho
Para dentro da fissão
E com ele a vida
Em matéria fibrosa,
Grossa
E vermelha.
Eu floresci no peito
Um botão de carne
Com pétalas respirantes
Expandindo e contraindo
Espinhentas e gloriosas
Para o mundo inteiro ver
E saber que vivo
De carne, sangue e espinho
Sem me retroceder.
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