Em meus sonhos
Eu sou múltiplo.
Por vezes ator,
Noutras autor,
Sirvo de audiência
E até diretor.
Às vezes me vejo ali, externado,
Como se multiplicado entre a ação
E o observador;
Eu julgo as vias que aquele outro que sou
Opta por tomar,
E então de repente o eu que assiste
Se move
E entra no jogo para me salvar
- O pequeno eu da narração -
Como se não houvesse dilema
Entre os meus não-finitos pólos de participação.
Em meus sonhos eu sou quem quero,
Eu sou o que sou,
Sou o que vejo e quem vê,
Sou resultado da gama complexa de dissertações
Que o eu se propôs.
Nada mais adequado.
Eu, afinal,
Sou olhar
Sou agência
E afeto,
Sou de me julgar
E salvar
E agir sem saber como a história que sou me moldou
À imagem de um eu
Cujo único nexo
É o sonho.
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