(Los Panchos - Poquita Fe)
Que encontrei em mim
O lugar da fé.
A fé, no entanto, ateia,
Que se conhece,
Sabe suas raízes efêmeras
E as aceita contradita em paradoxo.
Creio em ti,
A abstração que és;
Em ti, minha mente, que terceirizas
Os teus extratos mais difíceis,
Inacessíveis,
Impossíveis.
Creio no impossível da contradição,
No absurdo da humanidade
E no encontro dos extremos
Que são nada além do mesmo.
Creio em esmiuçar esse abstrato
E procurar nele
Os sinais concretos de frutos maduros
Prontos para serem colhidos
E lavados
E provados
Para me nutrirem de vida nova,
Nova matéria que sou
Refeita a todo instante
De místico alimentar.
Creio no nada
E em suas propriedades holísticas
Me inventando recriado
A cada misterioso sopro tênue do vento
Que entra nos pulmões atribulados
E os enche de um vazio tão cheio
Que me sinto transbordar.
Creio na vida,
Mas sobre isso é melhor nada falar.
Pois a vida recobre o abismo
Com uma fina camada intocável
Que, se falada, desfaria.
Prefiro contemplá-la
Oscilando através de sua membrana,
Sentindo seu leve carinho me vibrando
Um timbre desachado
De ondas invisíveis.
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