terça-feira, 11 de novembro de 2025

Succubus

(Berghain - Rosalía)

O jardim se revela selva de segredos.
Seus galhos floridos projetam sombras disformes;
Suas folhas sussurram ameaças contidas;
O chão se encharca de areia movediça.
Algo se esgueira entre as frestas escuras.
Sou eu
E não sou.
O espelho d'água mente -
Algo em suas entranhas me estranha;
Uma fera me caça;
Uma ferida me esgarça.
O silêncio me fala -
Ele vaza do corpo,
Dos olhos
E das palavras.
Num encanto enigmático,
Transbordo do que não dou.
A mata se encerra.
Os sentidos escurecem.
Ele está aqui
E me devora.
E, devorado, sucumbo ao súcubo.
Eu sou o que sou e não sou.
Desapareço no mundo dos sonhos
Sob o signo de desejo e sangue
Do coração arrancado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário