quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Nicho

Cadê você, meu bem?
Eu lembrava tão bem,
Mas já não sei.
Agora você sumiu em algum lugar,
Acho que te afoguei,
Nesse nosso pequeno parque
Macabro, escuro e embaçado
Nevoeiro adentro.
Perdemos o nexo
Do dia e da noite
Em torno desse nascente cinza-escuro
Que talvez poente queira se encerrar.
O problema de perder-te
É mais que da fronteira entre nós
Toda vez se faz abismo
De apatia e remorso enclave.
Não te escondas, meu lindo sangue;
Não saias desse chão
Escorrendo por todo lugar.
Eu preciso que precises aqui ficar
Para, em transe, em banho, em luto,
Restar um bicho vivo.

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