domingo, 28 de setembro de 2014

Chuva ácida na língua
Por favor
Por desespero
Por uma cerveja
Por uma coisa que não sei
Enquanto fôrma
Por entre o rastro líquido
Queima a boca
Cada gota é invasão.
Rastro, rastro, rastro...
Resto
Rato
Reto
A retidão não me cabe
Risca, arranha, retém
É o rato úmido
Rente à calçada de pedra
Engendra, erra
E chuva por ela mesma
Apenas enquanto plástica.
Preto
Planto
Pranteio
A rouquidão dos planos não me convém
Planejo nos gritos práticos
Pratico a indigestão
Plastico em erro
Porém há mudas
Corrompendo a terra
Porém a terra pedra
Há sete palmos do chão
Mas não há mais
E mesmo assim verbeio
E mesmo assim verso
Como?
Como me cabe o incabível
E me pleiteia o impossível?
Praguejo pragana no deserto
Planária no inferno
E ainda assim vivo
Eu quase enquanto isso cambaleio
Meus labirintos não cabem faunos
Cabem falhas
Das que provo nos encalços do caminho
Então palavreio infinito
Então palavro
A voz está errada
Porque a voz é descaminho
É descalabro
Desaviso
É ofensivo descabelar como eu desvinho
A calçada é de pedra
Mas palavra
Aquela que me trabalha as articulações
Não há voz
Há giz
E com os pés desenho o indissoluto.

(Poema a quatro mãos com Juliana Pires)

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