sábado, 27 de fevereiro de 2016

270216

(La nave del olvido - Buika)

Esses amores não me bastam;
Como são horríveis!
Os amores desenvolvidos são péssimos.
Eu não quero desenvolver meu amor por você;
Eu não quero que nosso amor se desenvolva,
Que destino terrível!
Eu só quero ser apaixonado por você.
Eu só quero que nossa paixão se desenvolva infinita.
Eu prefiro que nos amemos distanciados, credo!
Como é possível querer só você,
Mas só te querer invisível?
Preciso dessa fotografia. Talvez desse filme.
Mas preciso de você, por favor, preciso de você.
Cala-te! Cala-me! Que calamidade!
Preciso estar em chamas, mas não posso ser Chicago...
Preciso de mim mesmo, é isso!
Mas preciso errado...
Que raios de imprecisão é essa que eu tinha esquecido, diacho?!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

240216

Não bastam três marias no canto da vida.
Não basta que sejam no indicador;
Não basta que estejam na mão direita;
Mal basta que sejam,
Que dirá estejam,
Misericórdia!
Tenham misericórdia, deusas,
Desses pseudo-deuses!
Tenham rapsódia dessa caça,
Eles Crassam errado.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Simples

Acho que as pessoas não são complexas -
Elas complicam demais;
Talvez inclusive por um medo de ser muito simples,
Sem saber que abraçar a própria simplicidade
É a melhor forma de se complexificar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Raio que o parto!

Vou pro raio que o parto!
Lá caio fulminante na moleira,
Arrebento qualquer sensação de broto
Com a fúria de tombar a madeira de mil sequoias milenares;
Lá reabro a ferida,
Enfio a mão inteira
Até sair do outro lado em carne viva,
Avesso porém redimido;
Lá renasço que não cresci pra ser crescido,
Eu sou pra sempre infante
Afetado de energia,
Um feixe de eletricidade rodando em infinito, pele adentro, pele afora, pelo aflito e arrepio!

Três dias

Parece que nos dias em que fui mais feliz, mais sofri
E vice-versa.
Minha mente nasceu querendo complicar,
Misturando euforia e melancolia
Num Yin Yang expressionista,
Todo borrado e desequilibrado.
Nessa bagunça, quanto mais se sente, mais se tudo.
Daí meu vício nesse negócio que chamam de amor;
É pior que ópio.
Um dia matei um pedaço de mim achando que seria mais fácil
E por um tempo realmente foi,
Mas a longo prazo é intragável ser incompleto -
O inconsciente não aguenta, precisa se fazer de Cristo e ressuscitar.
Porém, diferente dEle, Eu ressurjo aos poucos:
A terra não treme; a rocha não quebra; o sopro não entra no corpo de uma vez.
Estou revivendo ao longo dos Meus três dias
E quando chegar lá nada sabe qual Eu será, que bagunça dessa vez me formará.
Deuses queiram que eu saiba sobreviver a isso.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Dedicatória

Dedico-te minha vida.
Se não a aceitares,
Dedico meu amor.
Se não isso,
Minha dedicatória.
Se não,
Meu mais absoluto silêncio cheio de significado.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Alteregologia

Meu limite não é a morte.
Poucos chegaram tão perto da imortalidade.
Quer saber o segredo?
Que pena.
Meu orgulho é grande demais para se liberar numa pequenez.
Minha mente não cabe no teu corpo.
Ela nasceu na carne certa para brilhar no escuro.
Prostra-te perante o Deus de fogo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Eterno em mim

(No Habrá Nadie En El Mundo - Buika)

Perdoa-me por faltar uma língua melhor,
Não falo mais que poesia
E um arranhado de violão alheio.
Eu sinto muito, demais até.
Se pudesse, me arrependeria pelos meus erros que vejo em você,
Mas o espelho está repleto de mim,
Ao ponto que deixei de enxergá-la.
Ainda vejo tuas dores.
Distanciei-as, mas vejo.
Elas são eternas em mim.
Por favor enxergue a eternidade.

Montaria

Monta o jumento, Maria!
Tá montada?
Faltou o rímel,
Um teco de pó -
E a base, Maria?
A base, porra!
Assim parece uma palhaça!
Dê cá o pincel,
Deixa que eu pinto.
Se bem que assim faz mais sentido...
Vai, termina de montar o burrinho.
Subiu? Tá no ar? Tá melhor?
Aprontada? Aprontou. Ufa!
Imagina se não 'tivesse aprontado?
Benzadeus!

No Hay Quien Viva Así



A vida é tão ridícula quanto uma salsa:
Cheia de felicidade com uma letra deprimente.
Mas tem coisa melhor que comemorar as tristezas?
Choremos a alegria então!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Incubadora

A boca chega a gangrenar
De tanto suplício
Encravado sob a língua
Nas veias entupidas que saem da mente.
Quando cuspo,
Só água e sangue;
Se engulo,
A ferroada vermelha lateja amarga.
Todo o amor reprimido nas papilas
Sem endereço de destinatário.
Como o poeta vai declamar
Se todo ouvido é surdo,
Todo olhar, daltônico
E a própria língua jaz muda?
Coisa horrível, pulsar sem batimento,
Sentir no todo o aquecimento e nada para refrescar.
Pois então para manter vivo o corpo febril
Sigo engolindo gelo,
Lançando cubos como moedas ao poço.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Sonhos de Uma Noite de Verão

Os passados têm me assombrado à noite
Com suas delícias excessivas.
Não faltam prazeres agora
Mas o outrora, sempre dourado pelo tempo
E amanteigado pela poesia,
Tem uma ternura leitosa.
O problema é que sou intolerante a lactose;
Mamo desenfreado até ficar constipado,
E de repente nem o presente engulo -
Parece um pão duro de realidade.
Viver sem futuro tem lá seus problemas...

Rosnado

Lavrei o lacre
Virou um lavabo de tanta limpeza
E ainda assim emana de lá uma larva
Hermana das minhas levianidades
Casada com minhas bruxas
Estreitando as relações do meu bruxismo
Cima e baixo rangem atritando faíscas
O ralo gira em hélices pra serrar a carne
O cume da serra é só o ponto de partida.