A boca chega a gangrenar
De tanto suplício
Encravado sob a língua
Nas veias entupidas que saem da mente.
Quando cuspo,
Só água e sangue;
Se engulo,
A ferroada vermelha lateja amarga.
Todo o amor reprimido nas papilas
Sem endereço de destinatário.
Como o poeta vai declamar
Se todo ouvido é surdo,
Todo olhar, daltônico
E a própria língua jaz muda?
Coisa horrível, pulsar sem batimento,
Sentir no todo o aquecimento e nada para refrescar.
Pois então para manter vivo o corpo febril
Sigo engolindo gelo,
Lançando cubos como moedas ao poço.
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