domingo, 13 de novembro de 2016

Voltário

Os sentimentos têm uma mania irritante
De se repetir
Como se os anos, passando,
Pensassem não pensar;
Como se o ponteiro atirasse
Religiosamente
Sempre no mesmo lugar
E os tiros se multiplicassem
Na mesma ferida;
Como se as palavras não se cansassem
Do infinito acúmulo
De plágio sobre plágio
Sobre plágio
De folhas tanto reviradas
Buscando estancar a sangria de tinta
Que nunca acaba -
Essa maldita caneta que não se cala
Essa mão que não para
E a emoção que não vaza
Numa só derradeira vazão
E abre mão.

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