terça-feira, 14 de março de 2017

Todavia, Imaginário Despassotempo

Será que em toda via
(Ou pelo menos na maioria)
Onde cruzo as pessoas
Elas me veem café com leite?
"Põe um pouco de açúcar
E deixa esfriar
Que o pó é recente
E a nata grossa impede o calor de vazar!"
O mundo não mais me decanta,
Assenta e espera eu declamar o vapor
Trincando até a chaleira
Do outro lado da casa -
Ou talvez isso tenha sido só a lareira estalando
No calorão que sobe debaixo da saia da fogueira
Querendo rasgar imaginário
O esquelético estático pensamento
Decaindo na xícara de chá.
Eu devo mesmo ser café com leite
Pra amornar de sopro em sopro
Enquanto toda a mesa ainda roda
Na máquina do tempo
Onde eu não quis jogo
De pingar uma bolacha passatempo
E passar a rodada desatento.

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