Como eu me explico
A quem não me sabe
Sem impor palavras duras
Que engessam a história
Num memorial à la Ramsés?
Como me narro
Sem me santificar
Num caminho único
De redenção para todos -
Como me livro de ser religião?
Como me livro
Sem correr o risco
De me encadernar em pautas finas
E linhas retas
Sem flexão ou movimento?
Quero me contar,
Mas talvez o eu-lírico se apodere do conto
E junte os pontos
Com outro discorrer.
Quero me guardar em algum lugar
Onde não me esqueça
E aos outros aqueça,
Mas nada garante que me lerei
Com olhos de encontro ao invés de lembrança
Ou que eles entendam o que tenho a dizer.
Talvez, enfim, eu deva me esquecer
E aceitar que num poema enterrado na gaveta
Eu esteja melhor representado
E a paz do silêncio e do oculto
Em mim prevaleça.
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