(Matsu Take Ensemble - Shirabe-sagahira)
Entra o moço na caverna cintilante
Do dragão negro e azul,
Assim chamada pois seu corredor
É uma garganta escura
Com milhares de luzes brilhantes.
O moço avança a passos lentos,
Temendo o tropeço e o fundo
Sabe lá se do mundo ou de si.
O caminho é estreito e o ar é turvo,
Forçando o pulmão ofegante
A alimentar rarefeito o sangue
Que corre na vista embaçada -
Talvez a visão esteja enganada.
Eis, então, uma pedra
Sobre a qual repousa uma gigantesca cigarra neon-azul.
- O que buscas aqui nas entranhas, meu jovem? - Ela pergunta sem cerimônia.
- Busco a cabeça do dragão.
- Ora, cá estou! Em que posso lhe ajudar?
- Mas tu és a cabeça? Como, se ainda vejo a garganta serpentear muito depois de onde repousas, e nem sequer estás fixada no restante do corpo?
- Quem foi que disse que a cabeça é um fim? Diga lá, qual tua verdadeira pergunta.
O moço, meio estonteado, decide aceitar
A premissa de bom grado, e então acode:
- Busco a razão de tudo, o verdadeiro profundo; o lugar onde reside, afinal, meu significado.
- Não acabo de dizer-lhe do desfim das profundezas, meu jovem? Aqui o túnel é infinito: se lhe buscares o encerramento é quase certo que te percas. Ainda não entendeste o que desde antes da pergunta te respondo: a cabeça não está em um fim.
O moço, perturbado, já não esconde seu estado:
- Mas então não há motivo na jornada? Não há onde chegue e contemple de tudo o resultado? Não há certo e errado? Onde me nortearei sem um norte fixado?
- E já não tens a si próprio guiado? Quem te trouxe aqui, se não tua busca? Procuras um caminho certo que leve ao desejo concretizado sem perceber que o desejo te fala concreto, em tua própria linguagem rimado! Temes a incerteza das infinitas possibilidades e crês nela um vazio, mas não percebes que nela mesma criaste a luz do teu caminho. Aqui na garganta vês brilhando o que podem ser pedras preciosas, vagalumes ou estrelas - dá-lhes o nome que queres: o que importa é que haja brilho, e que esse brilho tu vejas. A cabeça, meu querido, é o sentido que ensejas: estará onde for encontrada quando quiseres que assim seja.
Do dragão negro e azul,
Assim chamada pois seu corredor
É uma garganta escura
Com milhares de luzes brilhantes.
O moço avança a passos lentos,
Temendo o tropeço e o fundo
Sabe lá se do mundo ou de si.
O caminho é estreito e o ar é turvo,
Forçando o pulmão ofegante
A alimentar rarefeito o sangue
Que corre na vista embaçada -
Talvez a visão esteja enganada.
Eis, então, uma pedra
Sobre a qual repousa uma gigantesca cigarra neon-azul.
- O que buscas aqui nas entranhas, meu jovem? - Ela pergunta sem cerimônia.
- Busco a cabeça do dragão.
- Ora, cá estou! Em que posso lhe ajudar?
- Mas tu és a cabeça? Como, se ainda vejo a garganta serpentear muito depois de onde repousas, e nem sequer estás fixada no restante do corpo?
- Quem foi que disse que a cabeça é um fim? Diga lá, qual tua verdadeira pergunta.
O moço, meio estonteado, decide aceitar
A premissa de bom grado, e então acode:
- Busco a razão de tudo, o verdadeiro profundo; o lugar onde reside, afinal, meu significado.
- Não acabo de dizer-lhe do desfim das profundezas, meu jovem? Aqui o túnel é infinito: se lhe buscares o encerramento é quase certo que te percas. Ainda não entendeste o que desde antes da pergunta te respondo: a cabeça não está em um fim.
O moço, perturbado, já não esconde seu estado:
- Mas então não há motivo na jornada? Não há onde chegue e contemple de tudo o resultado? Não há certo e errado? Onde me nortearei sem um norte fixado?
- E já não tens a si próprio guiado? Quem te trouxe aqui, se não tua busca? Procuras um caminho certo que leve ao desejo concretizado sem perceber que o desejo te fala concreto, em tua própria linguagem rimado! Temes a incerteza das infinitas possibilidades e crês nela um vazio, mas não percebes que nela mesma criaste a luz do teu caminho. Aqui na garganta vês brilhando o que podem ser pedras preciosas, vagalumes ou estrelas - dá-lhes o nome que queres: o que importa é que haja brilho, e que esse brilho tu vejas. A cabeça, meu querido, é o sentido que ensejas: estará onde for encontrada quando quiseres que assim seja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário