sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Ode

Te dou uma ode
Vazia de significado.
Dou simplesmente porque quis dar
- E na verdade não entendo bem como funciona uma ode -
Mas parece algo belo,
Trovadoresco e bucólico,
Então vá lá: uma ode.
Honestamente nem sei
Qual o meu sentimento por ti;
Mal sei o teu nome,
Mas sinto a fome dos poetas
Que, na falta de um amor pra chamar de seu,
Buscam devorar todas as estrelas
E descê-las com uma entornada de Via Láctea
Pra assentar as borboletas aflitas
No estômago e nos dedos.
Talvez, enfim, o sentimento que tenho
Seja sozinho -
Mas não desse jeito tenebroso que pensas:
A solidão dos que se gostam
E se deliciam no silêncio.
Talvez o coração não saiba falar desse amor
Sem terceirizar as estrofes
E precise, então, de um toque de alheio
Pra soar mais preciso.
Mas não me entenda mal!
Não sou um Narciso que terceirizo meu amor.
O que tenho é um caminho
Por onde me infiltro
Pra encontrar os espíritos
Que me dão sabor,
E essa rota escondida
Desemboca em palavras
Que abraçam tua dor.
A ode que canto, afinal,
Talvez seja só um afago:
O pão que trago pra repartir
Dizendo "te entendo
E portanto eis-me aqui
Travestido de cancioneiro velho
Pra te fazer sorrir".

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