sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Envergadura

Me desculpa, mas preciso te dizer
Que não vou ser
Outro ser nesse teu jogo
De se perder,
De envergar
O tecido vernacular
Da minha essência irregular
Pelo teu bel prazer
De fazer
Desencontrar o mundo inteiro
Na tua estrada
Contigo perdida
Só pra te encontrar.
Você vai ter que perdoar
A minha aflita intolerância
Com o intolerável
De me machucar
– Ter que perdoar
Se te machuco
Tentando esse caminho evitar.
Você vai ter que me escutar,
Que desse jeito não tem jeito,
Eu vou ter que te deixar.
Pode ser que eu não conheça
O jeito certo de lidar as coisas –
Pode ser que jeito certo
Nem se possa afirmar –
Mas assim como está posto,
Desse jeito não vai dar.
Pode ser que eu seja cego
E tentando tatear
Eu esteja caminhando
Um caminho igualmente irregular,
Mas garanto que a cegueira do meu mundo
Não rodeia torta à toa
Desse jeito que te dói.
Te garanto, o jeito que se me doa
Dói bastante,
Mas, diverso de você, não se destrói.
Se quiser dar uma volta
Eu rodopio aqui contigo,
Mas deixa, então,
Meu passo torto te guiar
Só um instante
Que eu te levo numa dança
Mais gostosa de dançar –
E se não quiser não tem problema:
Passe bem,
Desejo que você se encontre
E possa um dia
Chamar alguém pra um movimento
Que balança mais gostoso
Sem pisar em tanto calo
Nesse embalo de rodar,
Que é bonito, te garanto,
E tão bom de admirar
Nem que seja aqui de longe
Sem te atrapalhar.

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