O tecido da vida,
Se o tivesse que descrever,
Diria que parece que se faz
De um fio central de dores velhas.
Esse fio – ramoso de fibras avulsas
Que saltam como espinhos,
Espesso de tufos macios
Que se deformam ao toque –
Esse fio se precisa, antes de tudo, apaziguar.
É preciso amansar seus espinhos,
Transformá-los em vincos
De onde os nodos de novo tecido
Se poderão dependurar;
Há que se aparar seus ponteiros daninhos,
Fazê-los como hastes robustas
Por onde a força dos erros se alinha
Em esplendoroso penhoar.
É preciso abraçar os pedaços macios,
Acalmar seu tremor e os seus burburinhos
Fazendo da sua ternura um amor
Que se possa sustentar;
Há que os conhecer como velhos caminhos,
Saber seus cadafalsos e espaços sombrios
Pra fazer renascer de seus fios encolhidos
A malha que encherá o tear.
E, quando enfim feita a obra
De lento desemaranhar,
Há que se lembrar em cada retorno
Das voltas que o tecido dá;
É preciso um constante rememorar,
Um eterno conhecer-se
– Um reconhecer-se no costurar.
É preciso, ao olhar os emaranhados de fio
Descendo do cerne ajeitado,
Sabê-los fundados
Em dores e espinhos
E assim trançá-los numa alegria
Que talvez aparente melancolia,
Mas se saiba completa
Com suas fibras da cor do vinho
Aquecendo gentilmente
Os contornos do coração.
Se o tivesse que descrever,
Diria que parece que se faz
De um fio central de dores velhas.
Esse fio – ramoso de fibras avulsas
Que saltam como espinhos,
Espesso de tufos macios
Que se deformam ao toque –
Esse fio se precisa, antes de tudo, apaziguar.
É preciso amansar seus espinhos,
Transformá-los em vincos
De onde os nodos de novo tecido
Se poderão dependurar;
Há que se aparar seus ponteiros daninhos,
Fazê-los como hastes robustas
Por onde a força dos erros se alinha
Em esplendoroso penhoar.
É preciso abraçar os pedaços macios,
Acalmar seu tremor e os seus burburinhos
Fazendo da sua ternura um amor
Que se possa sustentar;
Há que os conhecer como velhos caminhos,
Saber seus cadafalsos e espaços sombrios
Pra fazer renascer de seus fios encolhidos
A malha que encherá o tear.
E, quando enfim feita a obra
De lento desemaranhar,
Há que se lembrar em cada retorno
Das voltas que o tecido dá;
É preciso um constante rememorar,
Um eterno conhecer-se
– Um reconhecer-se no costurar.
É preciso, ao olhar os emaranhados de fio
Descendo do cerne ajeitado,
Sabê-los fundados
Em dores e espinhos
E assim trançá-los numa alegria
Que talvez aparente melancolia,
Mas se saiba completa
Com suas fibras da cor do vinho
Aquecendo gentilmente
Os contornos do coração.
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