Poemas, paisagens, fonemas,
Mas do resto esqueci.
Lembro que pensei tanta ideia
Descabida, descabelada ou vívida.
Agora, se elas chegaram ao ponto
De fixarem-se nalgum porto
Feito nau no pensamento
Arrastando-o pelo mar...
Difícil rememorar.
Vêm-me imagens ao longe
Rendidas a terras esparsas
Caídas nas mãos de tribos
Que ou desconheço, ou apaguei
De meu mapa.
Vivo com aquela sensação desavisada
De que a borda do mundo chegará,
E também creio dar voltas eternas.
Não sei quantas peças pregou a lembrança,
Se na feitoria ou nos pedaços;
Se essa pedra em batente no mar
Flutua-me ou fica estacionada;
Quantas ilhas passaram ou passei,
Sequer se houveram, se sei.
Quanto mais velho, mais oceano,
De navegação passei a correnteza.
Sou um naufrágio, ou subterrâneo;
Sou barro estraçalhado
Numa ventania que me derrubou.
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