quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Imaginário

Lembro de algumas coisas,
Poemas, paisagens, fonemas,
Mas do resto esqueci.
Lembro que pensei tanta ideia
Descabida, descabelada ou vívida.
Agora, se elas chegaram ao ponto
De fixarem-se nalgum porto
Feito nau no pensamento
Arrastando-o pelo mar...
Difícil rememorar.
Vêm-me imagens ao longe
Rendidas a terras esparsas
Caídas nas mãos de tribos
Que ou desconheço, ou apaguei
De meu mapa.
Vivo com aquela sensação desavisada
De que a borda do mundo chegará,
E também creio dar voltas eternas.
Não sei quantas peças pregou a lembrança,
Se na feitoria ou nos pedaços;
Se essa pedra em batente no mar
Flutua-me ou fica estacionada;
Quantas ilhas passaram ou passei,
Sequer se houveram, se sei.
Quanto mais velho, mais oceano,
De navegação passei a correnteza.
Sou um naufrágio, ou subterrâneo;
Sou barro estraçalhado
Numa ventania que me derrubou.

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