Quereria que à vida houvera algum sentido - como um evento espalhafatoso de funeral, em que os dois frontes de minha vida enfim se confrontassem num vexatório caos social, e no entanto em pura arte filosófica corporizada. É agradabilíssima a noção de causar, mesmo no post mortem, e contudo notes o quanto é limitante! Ficas a pairar numa só ideia que deseja desamparadamente reproduzir-se, semeada nos campos de mentes a crescer humanas, e sonha desiludida em transpor a evolução darwiniana do mundo natural ao universo dos pensamentos, de forma que se selecione sua safra em detrimento de outras.
Que me livre a morte de tamanho mal! Preferível é viver descausado, descomunal, inconsequente das horas tidas e liberto de ideias unas. Assim banha-se-me de ideais vagos do passado, do futuro, e se me permite o presente leviano saltitar de um a outro. E a morte? Que faça seu trabalho - venha, não deixe vestígios deste corpo e serenamente amontoe-o em suas conquistas que dentro das Eras pouco e nada importarão. A vida é para os vivos viverem, nada mais.
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