Quando se é muito auto-consumo
Ou, no reverso, euforia,
Resta pouco tempo para consumir
O que me propõe a vida.
Vida, aqui, não metafísica
Nem muito menos humana;
Vida concreta
Pichada em cimento
Puxada em tragadas.
Todo poema que tende à idolatria,
Conquanto nas letras jaz a expressão do ser,
Não deixa espaço para a lataria
Em que se encaixotam
Sardinhas e cachalotes
Sob os holofotes do rei,
Que hoje tem outro nome, pelo que sei,
Parando e deixando levar.
Brota um protótipo de poesia,
Um protopoema girino,
E logo desanda.
Essa vida, tampouco metafísica
Quanto humana,
É a encubadora
Que quis a vida,
Essa sim a louca,
Me soterrar.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
Labirinto surreal das monções de uma mente
Captura de um pensamento;
Caça de uma ideologia;
Cápsula intragável
Da contradição contemporânea.
Quero catar-lhe os feitos,
Acatar sua forma,
Mas me escapa um leito fixo
Em que feitar.
Trajo qual brinco de borboleta gigante
Nos lóbulos escorridos
Até voarem e levarem consigo
Minha cabeça.
O elefante da razão,
Encorpado nas minhas longas orelhas
E trombas das panapanás,
É pesado no andar,
Mas voa com facilidade
Nesses tempos de não pensar.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Chamas; Chagas; Saga de um homem
Eis o homem cujo embalo é as correntes.
Arrastam-no à rua para gritar,
Prendem-no à casa para estar
Mal-estar.
O homem que descobriu o fluxo da vida
E a apatia dos dias por contar.
Homem que não cresceu e precisa de embalo
Apenas para conter o choro infantil
De quem não desmama;
De quem nunca ama;
De quem no fundo acredita ter descoberto
Que não existe amor;
De quem à mãe poesia chama
E nada mais ouve;
De quem houve e não sabe dizer se haverá;
De quem não chamará.
Arrastam-no à rua para gritar,
Prendem-no à casa para estar
Mal-estar.
O homem que descobriu o fluxo da vida
E a apatia dos dias por contar.
Homem que não cresceu e precisa de embalo
Apenas para conter o choro infantil
De quem não desmama;
De quem nunca ama;
De quem no fundo acredita ter descoberto
Que não existe amor;
De quem à mãe poesia chama
E nada mais ouve;
De quem houve e não sabe dizer se haverá;
De quem não chamará.
domingo, 9 de junho de 2013
Militância poética
Boca roxa de vinho.
Roxa de tapa.
De sexo.
Boca roxa de coisas mais...
O roxo deve ser a cor mais expressiva do corpo.
Da dor à dormência,
Do gozo à embriaguez,
Quero ser cara-pintada assim.
Bater no sistema que me tripudia
Beber revolta e poesia
E transar sagração.
Roxa de tapa.
De sexo.
Boca roxa de coisas mais...
O roxo deve ser a cor mais expressiva do corpo.
Da dor à dormência,
Do gozo à embriaguez,
Quero ser cara-pintada assim.
Bater no sistema que me tripudia
Beber revolta e poesia
E transar sagração.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Gregos, astecas, bárbaros e outros remorsos
A noite cai
Paulatinamente.
No seu grito, o açoite.
No seu seio, afoita.
A boemia está tomada
E Nix retorna ao desaparecimento.
Hoje reina Tezcatlipoca
E mais sacrifícios
Banharão a metrópole tropical.
A Paulisteia finda em guerra,
Os campos de cevada queimados
E a lavanda pragueja o chão.
Hoje não haverá revolução.
Paulatinamente.
No seu grito, o açoite.
No seu seio, afoita.
A boemia está tomada
E Nix retorna ao desaparecimento.
Hoje reina Tezcatlipoca
E mais sacrifícios
Banharão a metrópole tropical.
A Paulisteia finda em guerra,
Os campos de cevada queimados
E a lavanda pragueja o chão.
Hoje não haverá revolução.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Amor de guerra
O taxímetro apitou:
Era Taksim.
O carro balançava,
As chamas abafavam
Pelo vidro fechado
De um porto seguro
Pouco a salvo.
O sangue espirrava
No para-brisa borrado
E a gente lutava
Contra a infantaria
Desarmada.
Era Taksim
E o taxista não cobrou.
Desceu do carro e fez amor;
Amor de guerra,
Amor burguês feito ao contrário,
Que de amor burguês estamos fartos
Mesmo se somos.
Aquele velho espectro ainda ronda,
Oculto na copa das árvores
Rasgando-lhes a relva.
Mas de espectros a selva está repleta
E o sonho de ver esse monstro morto
Continua de olhos abertos
Ao menos por enquanto
Por aqui.
Era Taksim.
O carro balançava,
As chamas abafavam
Pelo vidro fechado
De um porto seguro
Pouco a salvo.
O sangue espirrava
No para-brisa borrado
E a gente lutava
Contra a infantaria
Desarmada.
Era Taksim
E o taxista não cobrou.
Desceu do carro e fez amor;
Amor de guerra,
Amor burguês feito ao contrário,
Que de amor burguês estamos fartos
Mesmo se somos.
Aquele velho espectro ainda ronda,
Oculto na copa das árvores
Rasgando-lhes a relva.
Mas de espectros a selva está repleta
E o sonho de ver esse monstro morto
Continua de olhos abertos
Ao menos por enquanto
Por aqui.
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