Eu não durmo bem de olhos fechados
Pois meus amores são vagos
E ficar na distante lembrança dos sonhos
Não lhes cai bem.
Não me aprazam os lábios selados
Cheios de mistérios, envoltos em estragos
E os mesmos círculos enfadonhos
Em que eu rodava ontem.
Prefiro viver,
Mas a poesia não me encontra calmo;
Me encontra sem rima,
Sem ritmo,
A um palmo
Dos meus velhos salmos
Repletos de abalo,
Contraltos
E uma profundeza sem fim.
A poesia me traz
Um odor de jasmim
Como um velho bálsamo
De luto
E eu luto pra não morrer,
Mas a morte floreia
E escapa da boca
Num sopro de pólen
E eu fico todo vivo
Do meu contrassenso
Virando jardim.
Sorrio tristonho vendo a grama em apreço
- Quase convalesço -
E então volto em silêncio
Até mim.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
Olhos Fechados
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