Todos os caminhos
Parecem levar a Roma.
Mas eu sonho em chegar ao deserto
Onde não há muralhas
- Exceto as das dunas,
Que sobem e descem no tempo
Recriando o espaço a cada dia -,
Nem vozes em demasia
- Exceto as do vento,
Que sopram um cântico milenar
Em ode ao silêncio -,
Nem luzes que cegam
- Apenas as das estrelas
Que, ao contrário, guiam.
Para chegar ao deserto
É preciso seguir um anticaminho
Deixando que a vida flua
Para longe do centro
Até escoar nas beiradas do mundo
E de lá subir aos céus
Abstrata e desfeita,
E assim retornar a Roma:
Rarefeita em orvalho e chuva
A tempo para a colheita.
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