Foi aprovado pelo Congresso Nacional o plebiscito que definirá o futuro do estado do Pará: se permanecerá unido ou será desmembrado para a criação de Tapajós e Carajás. Os argumentos dos favoráveis a esta cisão são em geral bem fracos: dizem respeito à falta de identidade cultural e econômica das três regiões do atual Pará e alegam ser mais fácil administrar entidades federadas menores, afirmando, por exemplo, que há municípios no estado nortista maiores que países europeus inteiros.
Segundo especialistas, contudo, não há outro propósito nisto senão acomodar classes políticas, gerando novos cargos públicos tanto em secretarias quanto no próprio Congresso Nacional (os representantes do atual Pará iriam de 17 a pelo menos 24 na Câmara dos deputados e de 3 a 9 no Senado). Em se tratando de administração, é claro que a simples divisão de um estado em três não gerará mais arrecadação de tributos. Aliás, muito pelo contrário: Tapajós e Carajás nascerão endividados, e assim permanecerão por um bom tempo até conseguirem quitar a criação de toda uma estrutura estatal nova. Ou melhor, duas estruturas estatais novas! Pior - isso tudo se dará com recursos federais, indo na contramão da política de contenção de gastos pregada no governo Dilma.
E quanto aos argumentos dos "separatistas" (para usar um termo radical)? Bem, como disse o cientista político Marco Antonio Teixeira, da PUC, “se Estado pequeno funcionasse melhor, Alagoas ou Sergipe estariam por certo em ótima situação”. Os problemas do Pará pouco têm a ver com o tamanho do estado - o que soa como uma estranha análise imperialista baseada no "espaço vital" às avessas - ou suas disparidades culturais e econômicas. As dificuldades giram em torno da infraestrutura precária, o que não se resolve com a construção de novas secretarias e sedes de governo, como ressaltou o professor de estudos sócio políticos econômicos brasileiros da ESPM, Leonardo Trevisan. A grande distância da capital, um dos fatores dos quais os prefeitos das regiões longínquas do estado mais reclamam, não é tanto um problema por causa da grandeza do estado em si, mas pela falta de sistemas rodoviário e hidroviário que correspondam às necessidades da população.
Aliás, este é um outro ponto delicado: em que a divisão do Pará favorecerá seu próprio povo? Segundo boa parte dos especialistas, os benefícios são nulos. E este é, afinal de contas, o ponto fundamental. Parece que a mudança procura favorecer apenas elites econômicas e políticas locais que lucrariam, quer em dinheiro, quer em poder, com a partilha. O preço da madeira em Tapajós, por exemplo, sofreria flutuações, segundo Trevisan. Além disso, num estado já intensamente dominado pela violência rural, não parece sensato diluir o poder entre caciques políticos ruralistas. Segundo apurou a Folha de São Paulo, 98% dos homicídios no Pará acabam em investigações inconclusivas, e este é só um dos estudos que trata da criminalidade neste estado, sempre atrelada a questões como fronteira agrícola e conflito entre indígenas e fazendeiros.
O resumo da ópera é que não há motivo minimamente positivo na criação de Carajás e Tapajós. Entre enormes gastos, pouco resultado e falta de benefícios para a população, fica a sensação de um espetáculo de politicagem que espera sua consumação. Não há nada que prometa alegrias para o contribuinte brasileiro, que terá de arcar com este elefante branco, ou o cidadão paraense, cujas necessidades não serão atendidas.
Segundo especialistas, contudo, não há outro propósito nisto senão acomodar classes políticas, gerando novos cargos públicos tanto em secretarias quanto no próprio Congresso Nacional (os representantes do atual Pará iriam de 17 a pelo menos 24 na Câmara dos deputados e de 3 a 9 no Senado). Em se tratando de administração, é claro que a simples divisão de um estado em três não gerará mais arrecadação de tributos. Aliás, muito pelo contrário: Tapajós e Carajás nascerão endividados, e assim permanecerão por um bom tempo até conseguirem quitar a criação de toda uma estrutura estatal nova. Ou melhor, duas estruturas estatais novas! Pior - isso tudo se dará com recursos federais, indo na contramão da política de contenção de gastos pregada no governo Dilma.
E quanto aos argumentos dos "separatistas" (para usar um termo radical)? Bem, como disse o cientista político Marco Antonio Teixeira, da PUC, “se Estado pequeno funcionasse melhor, Alagoas ou Sergipe estariam por certo em ótima situação”. Os problemas do Pará pouco têm a ver com o tamanho do estado - o que soa como uma estranha análise imperialista baseada no "espaço vital" às avessas - ou suas disparidades culturais e econômicas. As dificuldades giram em torno da infraestrutura precária, o que não se resolve com a construção de novas secretarias e sedes de governo, como ressaltou o professor de estudos sócio políticos econômicos brasileiros da ESPM, Leonardo Trevisan. A grande distância da capital, um dos fatores dos quais os prefeitos das regiões longínquas do estado mais reclamam, não é tanto um problema por causa da grandeza do estado em si, mas pela falta de sistemas rodoviário e hidroviário que correspondam às necessidades da população.
Aliás, este é um outro ponto delicado: em que a divisão do Pará favorecerá seu próprio povo? Segundo boa parte dos especialistas, os benefícios são nulos. E este é, afinal de contas, o ponto fundamental. Parece que a mudança procura favorecer apenas elites econômicas e políticas locais que lucrariam, quer em dinheiro, quer em poder, com a partilha. O preço da madeira em Tapajós, por exemplo, sofreria flutuações, segundo Trevisan. Além disso, num estado já intensamente dominado pela violência rural, não parece sensato diluir o poder entre caciques políticos ruralistas. Segundo apurou a Folha de São Paulo, 98% dos homicídios no Pará acabam em investigações inconclusivas, e este é só um dos estudos que trata da criminalidade neste estado, sempre atrelada a questões como fronteira agrícola e conflito entre indígenas e fazendeiros.
O resumo da ópera é que não há motivo minimamente positivo na criação de Carajás e Tapajós. Entre enormes gastos, pouco resultado e falta de benefícios para a população, fica a sensação de um espetáculo de politicagem que espera sua consumação. Não há nada que prometa alegrias para o contribuinte brasileiro, que terá de arcar com este elefante branco, ou o cidadão paraense, cujas necessidades não serão atendidas.
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