domingo, 10 de agosto de 2014

Conto sóis e luas

Outro dia, andando na praça, trombei com um espectro -
Uma sombra sem luz, sem corpo, sem lei, que falava.
Perguntei:
O que ainda fazes aqui? Perdeste o rumo do outro mundo?
E ela:
Perdeste tu. Aqui só há anticorpo, não é teu lugar.
Discutimos até o anoitecer, clamando o chão que...
Pisávamos ou resvalávamos.
Ao cair do sol, a sombra passou a brilhar
Como um vestido de diamantes sob os holofotes do tapete vermelho,
Enquanto eu me tornei voz sem assento
E resolvi deixá-la, o espectro preso ao chão, para viajar à lua.
Para meu azar era a noite da cheia, e quando sua luz incidiu sobre mim,
Passadas as nuvens,
Revirei humano e caí no infinito.

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