terça-feira, 7 de junho de 2016

Irradiado

Qualé a sua, amor?
Fecha a porta
Ou escancara a varanda;
Essas frestas não condizem
Não conduzem
Não conluzam o corredor e a rua.
A rua tem um brilho muito escuro,
Há muito perigo,
E aqui há segurança demais,
Um exagero para os transeuntes -
Uma claridade que ofusca.
Prefiro um quarto escuro
Onde as fotos, com suas luzes passadas,
Sejam o último conforto
Sem o eterno risco dos feixes penetrantes
Que adentram para cortar mais um pedaço da alegria que poderia ser.
As fotografias que, nessa câmara obscura,
Se percam debaixo da cama
Até nem um último fio de luz restar.

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