sexta-feira, 7 de junho de 2019

Mudança

Eu adubei a minha muda
E cultivei
Num pequeno pote de cerâmica
Que rachou conforme cresceram as raízes
A expandirem
Dominando a varanda.
Entraram no apartamento,
Vazaram pela fachada do prédio,
Escorreram sobre a rua
E invadiram a praça;
Dominaram o mundo
Misturadas em outras fibras
De outras plantas
A se entrelaçarem
Num desenho sem nexo
Quase inorgânico e tubular,
Mecânico em sua estética aparentemente vazia...
Mas pulsando como uma jugular.
Não sei onde toca
A minha semente,
Onde afunda a minha corrente interminável
Sob a superfície da Terra.
Só sei que, de alguma forma,
Tudo começou na muda.

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