Eu me quero tanto;
Me vejo tão mais
Do que por enquanto;
Me encanto de mim
A tal ponto
Que me perco do meu ser
Como Ícaro
Decadente rumo à realidade.
Pois, tal qual o príncipe alado,
Sou também dotado
De asas grandes
Com as quais a vida me adornou,
Mas às vezes me esqueço
Que a vida é um melado
Do qual se me colou;
A minha vida é um meu punhado
De influências e vivências
Num meu mundo isolado
E, no entanto, tão mais tocado
Pelos outros que me formaram.
Eu sou o cruzamento
Da minha pequenez
Com os meus contatos
E só por eles me formei tão informado,
Só por eles me disponho em altivez.
Eu não sei de tudo;
Eu nada sou;
Eu sou um casulo encontrado
Que voa apenas na altitude
Pra qual a vida lhe formou.
Se quiser voar mais alto
Que reforme o meu estado
Com a humilde consciência
Do quanto só graças à vida
Sou o que sou.
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