segunda-feira, 18 de março de 2013

Carta de amor frio

Faz frio aqui, amor,
Na pele desnuda e praieira;
Um frio tropical
Entrando nas frestas
Do meu calção, da camiseta,
Esgueirando os pensamentos
Que quanto mais frios
Mais efervescem,
Como queimar em gelo,
Mas em fino ar.
Eis aqui um corpo frio
Que, como diz o poeta,
Perdeu o ridículo de amar
Em cartas ou sei lá.
Voltou à insipiência
Da adolescência
Mas sem paixão.
E pode ser, então,
Que seja ridículo,
Mas de maneira
Tão corriqueira
Que se contradiz.
Esta era para ser
Uma carta de amor
Ou saudades
E no entanto fria como está
Só pode ser de maldades
Mandando tristeza embalada
Ao som de cartas de outrem
Que talvez possam lhe sustentar.
Ou ao menos sustar a incerteza
Do que lês numa tentativa
De te assegurar algo mais que frieza,
Queimar-te com o amor
Mesmo gelado e roubado
Que quis enviar.

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